quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

AS CAMBIANTES TÁCTICAS DE JJ NA PEDREIRA!


No passado sábado realizou-se mais um empolgante Benfica – Braga, a contar para a Liga Portuguesa de Futebol.
Como vem sendo hábito, a equipa encarnada foi recebida na cidade dos arcebispos com eno...rme animosidade, ambiente típico dos grandes rivais de longa data…embora, na realidade, ainda não o sejam!

A cidade que durante anos acolheu milhares de benfiquistas passou, abruptamente, a destilar ódio sobre os mesmos. Os sócios e simpatizantes do “Enorme Braga” vivem, hoje, abnegados por tentar desprestigiar o clube encarnado em tudo quanto é espaço publico de informação e opinião. Dizem os mais afoitos que para tal desiderato muito terão contribuído os tristes episódios ocorridos à entrada do túnel do Estádio Axa, na pretérita época 2009/2010. Tal facto não colhe a minha total aprovação. Este arreganhar de dentes por parte do clube e adeptos de SCB aumentou na mesma proporção que cresceu a aproximação do FCP ao clube minhoto.

Mas, vamos ao jogo e às mudanças tácticas de JJ…

JJ montou uma equipa ligeiramente diferente do habitual, reposicionando os seus jogadores num modelo táctico alternativo, mantendo, ainda assim, o seu habitual sistema táctico 4x1x3x2.
A grande alteração resultou na entrada de um médio ofensivo, Gaitan, em detrimento de um avançado, Cardozo. O argentino não é um avançado nem sequer um segundo avançado mas sabe ter bola, sabe criar desequilíbrios, joga um futebol mais apoiado e com maior qualidade na posse, sabe reter a bola quando o jogo se pretende pausado, sabe jogar ao primeiro toque quando a nota artística assim o exige. Isso permite que a equipa, a defender, fique com mais um elemento no meio campo, equilibrando a luta no miolo do terreno.

A talhe de foiço, aproveito para dizer que Gaitan veio rotulado da Argentina, do grande Boca Juniors, como um prometedor número dez e não como um médio ala/extremo. A necessidade aguça o engenho e JJ, porque nem sempre compõe planteis equilibrados, viu-se obrigado a renegar o médio argentino para a ala esquerda, por lá o mantendo durante todo este tempo.

O SCB, à semelhança das demais equipas da nossa Liga, joga com quatro médios, ora num 4x3x3 quando Alan descai para a faixa, ora num 4x4x2 losango quando o mesmo Alan aparece em zonas mais interiores do terreno, próximo de Éder.
Não é preciso perceber muito de bola para se concluir que o Benfica, apresentando apenas dois médios centro, jogaria em inferioridade numérica nessa zona do terreno. E se na primeira parte o clube encarnado conseguiu algum ascendente sobre a equipa da casa, impondo um ritmo altíssimo; na segunda metade, os dois médios decaíram em termos físicos e a equipa deixou de ter bola, não a conseguindo fazer circular. JJ correu enormes riscos e o segundo golo do SCB só não surgiu porque faltou algum discernimento aos seus jogadores.

Assim aconteceu com o SCB, assim aconteceu e tem acontecido nos jogos contra o FCP, assim tem acontecido nos jogos contra as equipas mais poderosas da LC ou da LE. E porquê? Porque todas estas equipas, salvo raras excepções, jogam em 4x3x3 ou em 4x4x2 losango. Sistemas tácticas que implicam a utilizam de 3 ou 4 médios.

Se atentarmos nos jogos mais recentes, percebemos que Enzo Perez e Matic constituem artilharia escassa para batalhas tão intensas. Sálvio e Ola Jonh (ou Gaitan, quando joga nessa posição) fecham nas alas, impedindo que o lateral contrário suba, mas não fecham no meio. Sempre que o clube encarnado enfrenta um meio campo com três ou quatro elementos obriga a que os seus dois médios centro corram muito, com e sem bola. Esta intensidade de jogo aliada ao desequilíbrio numérico existente no centro do terreno deixa sequelas físicas por demais evidentes durante, sobretudo, as segundas partes das partidas. E se este sistema táctico é eficaz contra equipas mais modestas, já não o será contra adversários de maior pendor técnico.

Assim vem jogando JJ desde que chegou ao Benfica, com uma determinante diferença: no ano que se sagrou campeão, no meio campo encarnado jogavam Javi Garcia e Pablo Aimar (alternando com Carlos Martins ou Ruben Amorim), nas alas jogavam Di Maria, um extremo puro, e Ramirez. Ora, era o brasileiro que dava o equilíbrio e balanço certo à equipa, que fazia as devidas compensações no meio… sobretudo a defender. Sempre que o Benfica perdia a bola, ocupava zonas mais interiores da faixa direita e ajuda a dupla de médios a pressionar a saída de bola do adversário. Um trabalho desgastante mas que era repartido por três…e não por dois, como agora acontece.

A única forma de contornar este handicap passaria, a meu ver, por alterar o sistema de jogo, transformando o velho e rompido 4x1x3x2 num 4x3x3 ou 4x4x2 losango. Porém, dado o adiantado da época não haverá espaço para ensaios ou experiências tácticas.
Daí que a mudança deva passar, neste momento, apenas por uma alteração cirúrgica no modelo de jogo da equipa, retirando o segundo ponta de lança e colocando no seu lugar um médio ofensivo que, a atacar, se aproxime do avançado e, a defender, se aproxime dos médios, fechando no centro. Penso que foi isto que JJ idealizou quando decidiu lançar Gaitan no jogo da Pedreira.

E se Gaitan é uma solução viável, não é ainda assim a melhor. Talvez um jogador mais próximo das características de Pablo Aimar representasse na perfeição esse papel. Não este Aimar de condição física periclitante mas aquele Aimar que gosta de ter bola, que sai em drible, que mete na esquerda e na direita, que cria o desequilíbrio com um simples toque de classe, que serve a bola numa bandeja ao ponta de lança e, simultaneamente, aquele Aimar que ajuda a defender, raçudo, com espirito de luta.
Talvez esse Aimar não volte mais…e não voltando mais, a melhor alternativa passará por Gaitan. E neste contexto, a opção de JJ para Braga foi acertada.

Quanto à arbitragem…existem dois erros objectivos e um erro subjectivo.
Os dois foras-de-jogo assinalados ao SCB foram, efectivamente, mal marcados, embora apenas o primeiro tenha impedido a que a equipa bracarense tivesse criado uma situação de iminente perigo.

O lance da expulsão de Haas, que ocorre ao minuto 85’!!!, não é claro uma vez que as imagens televisivas não foram suficientemente esclarecedoras e, portanto, não se percebe se o central alemão chega a tocar no avançado benfiquista. De qualquer forma, não me parece lance para vermelho directo uma vez que Lima ainda estava consideravelmente longe da baliza e tinha um jogador bracarense a sua ilharga. Contudo, e convém referir, o lance é precedido de uma falta cometida por Luisão sobre o jogador Móssoró.


RECORDAÇÕES DE UM...DAKAR!


Durante anos foi presença assídua nas nossas televisões. Pouco antes de se completar mais um ano civil, a “caravana do Dakar” partia rumo à descoberta do desconhecido.

A magia do deserto africano; as etapas long...as e bem madrastas em plena Mauritânia; os percalços de um abismo escondido na duna aparentemente inofensiva; o terreno empedrado inimigo da velocidade tantas vezes causador de desistências inesperadas; os sempre afoitos Tuaregues pilhando os poucos pertences que os mais desafortunados, perdidos na imensidão do deserto, aguardando a chegada do carro de assistência, ainda guardavam; as vidas dolorosamente perdidas de pilotos, jornalistas, mecânicos ou simples nómadas; o abrupto desaparecimento daquele que é considerado o pai do Rali Dakar, Thierry Sabine, num acidente de helicóptero ocorrido no Mali; a queda mortal de um dos meus “ídolos” Fabrizio Meoni, foram motivos mais do que suficientes para me apaixonar por esta aventura e por tornar o Dakar a prova de todo-o-terreno mais empolgante do desporto automóvel e uma das mais emblemáticas do desporto mundial.

Pois bem.
Hoje, que qualidade portuguesa se faz notar de forma expressiva, não existe uma única televisão em Portugal que perca trinta minutos do seu prime-time…ou de outro qualquer para mostrar ao nosso pequeno país que quem lidera o Rali Dakar na categoria de motos é um português, um tal de Ruben Faria; que o sétimo classificado também é português e dá pelo nome de Hélder Rodrigues (campeão do mundo de todo-o-terreno); que nos automóveis segue Carlos Sousa integrado no Top 10.

Temos quatro canais de desporto pagos e não existe um que apresente um pequeno resumo do que aqueles valentões andam a fazer pela Argentina, Chile ou Peru.

Há espaço para transmitir de forma exaustiva o Campeonato do Mundo de Andebol; há espaço para transmitir desportos radicais; há espaço para transmitir um desporto parvo, totalmente encenado, praticado dentro de uma arena; há espaço para mostrar imensos jogos dos campeonatos americanos de futebol, basquetebol ou hóquei no gelo; há espaço para mais, muito mais…mas depois não existem 20 ou 30 minutos de atenção para mostrar o que é nosso.

Quem viu os duelos protagonizados por Jean-Louis Schlesser e Jutta Kleinshmidt, as vitórias consecutivas de Peterhansel, a loucura de Jordi Arcarons, a mestria de Ari Vatanen ou Pierre Lartigue colado ao televisor todos as noites aguardando com frenesim aquele bloco de imagens repletas de emoção, não pode deixar de estar triste com a forma como Portugal tem tratado o seu desporto.


AS ENTRANHAS DO CLÁSSICO!!!


Ontem jogou-se mais um clássico do nosso futebol.

Vitor Pereira iniciou o pre-match manifestamente ao ataque. O facto de JJ, dias antes, ter afirmado que o Benfica estava ainda em quatro competições não era motivo suficiente para despertar no técnico portista um discurso ressabiado, num tom agressivo e pouco elegante, quer para com o seu colega de trabalho quer para com o seu grande rival.

Em momento algum JJ ou outro técnico ou dirigente benfiquista falou de um “grande Benfica” ou do “clube com o melhor ataque ou com a melhor equipa do campeonato”. Contudo e ainda assim, VP tomou essas expressões como proferidas por representantes do Benfica quando na realidade as mesmas, a terem sido proferidas, foram-no por aspirantes a paineleiros, eventuais jornalistas ou simples adeptos/simpatizantes do clube encarnado.

Se prestarmos alguma atenção, percebemos que foi VP quem fez a festa, lançou os foguetes e apanhou as canas, tentando, no meio desta confusão, passar a ideia que foi o Benfica, enquanto clube, quem acicatou ânimos e despoletou polémicas. E não foi!

Um treinador não se pode deixar embarcar por cantigas do bandido só porque o seu presidente as tem. Não deve papaguear da mesma gaiola. Tem o dever intelectual e moral de demonstrar alguma independência e elevação na resposta à análise dos jogos e declarações dos seus adversários.

Mas este discurso agressivo do treinador portista tem sido recorrente em todos os técnicos que têm passado pelo clube azul-e-branco. Se o fazem para justificar a dedicação e entrega ao clube, tal não faz sentido porque assiduamente todos eles apresentam resultados e conquistas.

JOGO JOGADO…

Quanto ao jogo jogado, embora entendesse antes do mesmo que as equipas se equilibravam nos vários sectores, um havia relativamente ao qual levantava grande dúvidas: seriam Matic e Enzo Pérez capazes de equilibrar a luta a meio-campo com Fernando, Moutinho, Lucho e, a espaços Defour? Não seria mais ajustado deixar Lima no banco e colocar P. Aimar atrás do ponta-de-lança, dando maior consistência ao “miolo” do terreno? Mas isso não retiraria expressão ao ataque? Eram dúvidas que cabia a JJ resolver.

Na primeira parte, este meu receio não se concretizou uma vez que a capacidade física e técnico-táctica de Matic foi escondendo e derrubando a natural supremacia que os números deixavam a nu. Os golos surgiram em catadupa, com as respectivas defesas a entregarem os seus últimos presentes de Natal. Terminadas as ofertas e um grande golo de Matic, o jogo escorreu sem grandes motivos de interesse para o intervalo.

Na segunda parte, o ascendente do meio campo portista foi efectivo, JJ demorou a mexer na zona intermediária e o Porto assumiu definitivamente as despesas do jogo, sem, ainda assim, materializar em oportunidades de golo esse mesmo ascendente, cabendo, inclusive, a Cardozo a grande oportunidade de golo da segunda parte.

Embora a segunda parte possa revelar um maior ascendente por parte do FCP, a verdade é que as estatísticas finais dizem-nos que o SLB foi um pouco mais em tudo: em remates, em remates à baliza, em cantos, em roubos de bola, em oportunidades de golo. Aliás, a posse de cada uma das equipas é reveladora do equilíbrio que a disputa dentro das quatro linhas e o resultado espelham.

HOMENS DO JOGO…

Matic (SLB) e Mangala/Alex Sandro (FCP)

CASOS DO JOGO…

Entendo que o lance de Maxi não é para vermelho directo. Maxi não entra com os pitons na frente, às pernas do jogador portista. A entrada é dura mas não foi mais do que uma rasteira as pernas de Moutinho...bem longe de uma agressão ao peito como Vitor Pereira, em plena conferência de imprensa, ferozmente tentou fazer querer.

Afirmar repetidas vezes que Maxi deveria ter sido expulso nem por isso torna obrigatória ou verdadeira a sua expulsão.

Alguns amarelos ficaram por mostrar a jogadores portistas: lembro os lances de Mangala, Lucho, Fernando ou Moutinho; lembro as cargas duríssimas sobre a cabeça e o pescoço dos jogadores encarnados nos duelos aéreos; lembro o excesso de agressividade dos jogadores portistas com os braços e cotovelos; lembro o amarelo a Moutinho, ao minuto 82’, depois de um chorrilho de faltas; lembro a duríssima entrada de Fernando sobre o pé de Gaitan que nada fica a dever à entrada de Maxi.

O segundo amarelo a Matic deveria ter sido, efectivamente, exibido bem como o respectivo vermelho. A falta cometida pelo jogador sérvio cortou uma potencial jogada de perigo do FCP, logo, é cartão amarelo. Como era o segundo, deveria ter ido para a rua.

A conversa do fora-de-jogo é fiada uma vez que este tipo de lances são recorrentes todos os fins-de-semana nos vários campeonatos nacionais por essa europa fora. Além disso, só me recordo de um fora-de-jogo mal assinalado no clássico: o fora-de-jogo não assinalado a Maicon…

Agora, de forma séria. Embora possam existir três foras-de-jogo mal assinalados ao ataque portista, saliento apenas dois que terão impedido, efectivamente, que o FCP criasse eventuais oportunidades de golo.

DECLARAÇÕES DE VP E PC…

As declarações de VP, no final do encontro, continuaram, tal como na antevisão, ridículas! A forma desenfreada como se atirou ao estilo de jogo do Benfica é patética. Caro VP, a “bola longa para o Cardozo”, “as segundas bolas” ou “o pontapé para a frente” ficaram expressos nos dois golos marcados pelo Benfica, especialmente no primeiro golo.

Também Pinto da Costa, como é seu apanágio sempre que não ganha, decidiu colocar a boca no trombone e dar música, música habitual, de um CD com excesso de uso, bastante riscado!

Para além de tentar fazer do equívoco do site da Liga um caso, afirmou que o FCP teve mais oportunidades de golo e por isso merecia ter vencido, quando foi precisamente o Cardozo a ter a única oportunidade de golo na segunda parte.

Estava esperançado que volta-se a repetir “vozes de burro não chegam há UEFA”. Contudo, como o golo fantasma não surgiu ao minuto 90, teve que atacar a equipa de arbitragem.

DECLARAÇÕES DE LPV…

Registo ainda as declarações de LFV que, agora sim, começa a perceber de que forma deve responder a PC: com ironia e sarcasmo! O resto é conversa!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

OS PETRODÓLARES DO GABÃO PROVOCAM AZIA NO DRAGÃO!

Na semana passada, após o Gabão Portugal, Pinto da Costa lançou-se ferozmente aos dirigentes da FPF e, em particular, a Paulo Bento, colocando em causa os métodos de trabalho bem como os critérios técnico-tácticos utilizados pelo seleccionador nesse jogo.
Depois de ler as declarações do presidente portista, tive a oportunidade de afirmar que concordava com parte das mesmas…
 
Na realidade, olhando para o que foi o jogo bem como a sua preparação, não restam muitas dúvidas que tudo isto foi um grande equívoco…ou talvez não!
 
Primeiro equívoco: quando a FPF pensou em preencher a data agendada pela FIFA para a realização de jogos amigáveis, escolheu como adversário uma selecção africana. Ora, é aqui que a “coisa” começa a inquinar. Se bem me lembro, estamos numa apertada fase de qualificação para o Mundial de 2014 que se realiza na zona europeia, onde já defrontamos e iremos defrontar selecções do continente europeu, com um futebol em tudo diferente do futebol africano.
 
Segundo equívoco: já que se deseja muito a realização de um jogo de futebol no continente africano, num país onde o petróleo “nasce” como ervas daninhas, há que o preparar com algum cuidado. Analisar o adversário, o momento em que o jogo se realiza, as condições do pais, da cidade, do estádio, a equipa de arbitragem, o estado do relvado, é elementar na preparação de um jogo de futebol.
 
Terceiro equívoco: retirando algumas selecções de menor expressão, apenas a selecção espanhola se obrigou a uma deslocação longa à Arabia Saudita para defrontar o Panamá. Todas as demais selecções europeias realizaram jogos contra as suas congéneres da europa, no continente europeu, não se sujeitando a várias horas de voo, para jogar em países com condições climatéricas completamente antagónicas aquelas que por cá se fazem sentir.
 
É verdade que todas as grandes selecções europeias e mundiais procuram hoje em dia os jogos amigáveis para amealhar mais alguns “tostões”, sejam eles para pagar prémios, sejam eles para pagar a dirigentes e/ou treinadores, sejam eles para…investir em depósitos a prazo! Numa primeira linha, surgem selecções como a espanhola, a argentina, a brasileira ou a alemã, com um cachet a variar entre os 1,2M€ e os 2M€; numa segunda linha, as selecções inglesa, francesa, italiana ou portuguesa, com um cachet entre os 8M€ e os 1,2M€.
O que me parece é que o país de destino poderia ter sido outro. Mas haveriam outros, com melhores condições?! Tirando os petrodólares africanos ou asiáticos, não vejo que outros países, “por dá cá aquela palha”, se disponibilizassem a pagar tão elevado cachet para receber uma selecção.
 
Pinto da Costa saiu imediatamente a terreiro disparando em todas as direcções, afirmando que realizar um jogo no Gabão era “absurdo”. Mas não se ficou por aqui. Insinuou, ainda, que Paulo Bento teria protegido alguns jogadores em detrimento de outros, nomeadamente em detrimento dos jogadores do FCP, colocando em causa o poder soberano de Paulo Bento na gestão desportiva dos seus jogadores.
 
Também eu entendo que ir jogar ao Gabão, naquelas condições, perante um campo de centeio, uma equipa de arbitragem dos “Apanhados” e uma Banda do Galo que meteu “Dó”, com todo o respeito que me merece essa agremiação de sonoridades do meu concelho, é desajustado e, como afirmou “Bimbo da Costa”, absurdo.
 
Além disso, é compreensível que os presidentes dos clubes que cedem jogadores às selecções se sintam desconfortáveis quando vêm os seus activos, a quem pagam um elevado salário, jogarem em circunstâncias que potenciam a ocorrência de lesões. O que não é compreensível ou sequer credível é que discurso de quem se sente prejudicado não seja coerente e não se tenha a capacidade de o fazer junto de outras federações. Jogar nos EUA, perante a selecção brasileira, valoriza os activos de um clube? Claro que sim; jogar no Gabão contra a selecção local, num campo em péssimas condições, num contexto de insignificante mediatização não beneficia os activos de um clube? Claro que não!
 
Pois é! É aqui que reside o problema. Pinto da Costa afrontou a FPF, não o fazendo igualmente com a Federação colombiana.
Pior! Pinto da Costa imiscuiu-se no trabalho de Paulo Bento, questionando as suas opções técnicas. Recebeu troco!
O seleccionador aproveitou o ensejo para delimitar o seu espaço de actuação e enviar um recadinho ao presidente portista pedindo para que este se preocupasse em defender os interesses do seu clube e não os da selecção. Apesar do recadinho, ainda assim, Paulo Bento não foi mal-educado ou desrespeitoso para com Pinto da Costa ou para com a estrutura portista.
 
A verdade é que Pinto da Costa, do alto dos seus bons costumes ditatoriais, não aceitando que lhe digam duas ou três verdades mesmo que ditas em bons modos…ripostou! E ripostou através de um lamentável comunicado!
O comunicado é ridículo, sem qualquer base de sustento, utilizando um discurso agressivo, hostil, brejeiro, cínico, entrando no ataque pessoal, deixando no ar a ideia que a instituição FCP não pode ser passível de quaisquer apontamentos seja eles mais ou menos assertivos.
 
O problema é querer ter sol na eira (EUA) e chuva no nabal (Gabão)! E isso não é eticamente admissível!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

MAIS DO MESMO?! VEREMOS!

Na passada 6.ª feira o SLB elegeu um novo presidente para comandar e dirigir o clube durante os próximo os quatro anos.
A campanha foi muito pobre, quer quanto ao conteúdo quer quanto à forma. Ambas as listas utilizaram o tempo de antena concedido pelo nos órgãos sociais para se atacarem mutuamente. Aliás, o despique a que assistimos entre Rui Rangel e LFV foi ridículo e roçou o insulto. Não houve respeito, não houve boas maneiras, não houve um debate esclarecedor e, por isso, útil para os sócios.
 
Muitos paineleiros criticaram fortemente o facto de LFV se ter negado a aceitar um frente-a-frente com Rangel. Por mais anti-democrático que a decisão possa parecer, eu compreendo-a e respeito-a enquanto “estratégia de jogo”: LFV perderia no confronto directo para Rangel, uma vez que o magistrado tem outro poder de argumentação que LFV não apresenta. A oratória não é, como sabemos, o que mais sobressai em LFV.
Além disso, e se bem me recordo, em cerca de 30 anos de poder, quer Pinto da Costa quer Alberto João Jardim sempre se desviaram de confrontos directos e pessoais.
 
Quanto às campanhas propriamente ditas…
 
LFV optou por se manter na zona de conforto, utilizando um discurso já várias vezes repetido e que para a grande maioria dos benfiquistas está gasto: “sabemos o que estamos a fazer”; “sabemos o caminho que queremos percorrer”; “não nos vamos desviar do que caminho que traçamos”; “vamos lutar pela verdade desportiva”; “queremos um futebol limpo”, são frases que se vão repetindo a cada nova campanha eleitoral, a cada novo fracasso, que descredibilizam e desgastam a imagem de LFV.
 
Por outro lado, LFV continua a cometer erros crassos no seu discurso: prometer 3 títulos nacionais e a presença numa final europeia, tudo isto nos próximos 4 anos, é uma promessa que os sócios sabem ser demagoga, servindo apenas como arma de arremesso a utilizar pelos nossos rivais dentro de poucos meses.
 
Além disso, o facto de ter recrutado no movimento “Vencer, Vencer” Varandas Fernandes e José Eduardo Moniz fragiliza não só a posição dos próprios, que antes atacavam e criticavam LFV, como enfraquece a posição do próprio LFV. Admitir na sua lista um homem que nas últimas eleições o atacou contundentemente revela em LFV fraqueza, insegurança, receio de que os sócios possam não acreditar no seu projecto.
 
Por sua vez, Rui Rangel surge em pleno campo de batalha acompanhado por soldados que, outrora, ajudaram a descredibilizar o clube: Olavo Pitta e Cunha, Fernando Tavares, Cunha Leal, Ribeiro e Castro, José Veiga, são alguns dos nomes associados ao passado negro do SLB. Apostar nestes elementos para a composição dos órgãos sociais do clube é retornar ao passado e isso os adeptos e sócios do SLB, tenho a certeza, não querem novamente.
 
Sinceramente, ainda hoje tenho sérias dúvidas sobre se a continuidade de LFV será a melhor solução para o SLB. Contudo, olhando para a que foi a candidatura de Rangel, para a falta de ideias, para a falta de soluções, não discutindo os reais problemas do clube, perdendo 80% do tempo da sua campanha com questões de menor importância, admito que a eleição de LFV seja um mal menor para o futuro do clube.
 
Sabendo hoje que a lista eleita foi a de LFV, três questões me suscitam enormes dúvidas e incertezas: qual o papel de José Eduardo Moniz na estrutura da SAD? Quais consequências que as palavras proferidas por Moniz sobre a pessoa de Rui Costa terão no seio do clube? Quais as consequências que o rompimento das negociações com a Olivedesportos poderão ter sobre a estrutura financeira do clube?
Nenhuma destas três questões tem resposta óbvia.
 
Como homem para o futebol, tenho para mim que José Eduardo Moniz será uma nulidade. A experiência dele na área do futebol é-me totalmente desconhecida. Por isso, apenas compreendo a sua contratação se a mesma visar uma mudança nas políticas de comunicação e negociação levadas a cabo pelo clube: quer junto da Olivedesportos, tentando renegociar os direitos televisivos; quer junto dos actuais e novos sponsors, tentando obter novos contratos mediante melhores condições; quer junto do mercado internacional, tentando potenciar ainda mais a marca Benfica; quer junto da banca, tentando a obtenção ou mesmo a renegociação dos empréstimos bancários já existentes, no intuito de alcançar melhores condições de pagamento a taxas de juro mais baixas.
O que mais me inquieta na eleição de José Eduardo de Moniz é o facto de este ter afirmado, poucas horas após ter sido eleito, que ainda não sabia que funções que iria exercer no clube. Convida-se uma pessoa para integrar a estrutura directiva de um clube com a grandeza, a história, a riqueza, a dimensão do Benfica sem que o mesmo saiba qual vai ser o seu papel dentro dessa mesma estrutura?! Saberá esta gente o que significa a palavra “planificação”?! Não compreendo!
 
Outra questão de enorme melindre está relacionada com o papel de Rui Costa dentro do clube depois das palavras proferidas por Moniz durante a campanha eleitoral. Não irá Rui Costa ser relegado para um papel ainda mais secundário dentro do próprio clube, desmotivando-se e sentindo-se cada vez menos útil? É que, no espaço de dois anos, o SLB contratou António Carraça para director de todo o futebol encarnado, cargo até então desempenhado por Rui Costa, e elegeu José Eduardo Moniz para número 2 da estrutura directiva, posição que deve ser ocupada por quem ambiciona chegar à liderança do clube.
 
O fim das negociações com a Olivedesportos sobre à venda dos direitos televisivos foi outra questão que foi decidida de forma pouco racional. Vejamos: a empresa de Joaquim Oliveira ofereceu ao Benfica cerca de € 22.000.00,00/época.
Ora, rejeitando o Benfica € 111.000.000,00 por cinco épocas, tal significa que o Benfica estará, ao que parece e contra todas as notícias, endinheirado e que os 15 jogos que o clube irá realizar esta época como visitado passarão a ser transmitidos na Benfica TV sem qualquer tipo de retorno financeiro!…a não ser que a Benfica TV seja transformada num canal Premium, obrigando os seus sócios e simpatizantes a pagar o mesmo, tal como já acontece com a Sportv.
Depois desta fuga para a frente sem que se tenham medido convenientemente as suas consequências, só vislumbro uma solução: Moniz justificar a sua contratação, retomando as negociações com a Olivedesportos, assegurando um encaixe financeiro que de outro modo o Benfica não vai conseguir obter.
O impacto que esta decisão de não aceitar as verbas oferecidas por Joaquim Oliveira irá causar não é significativo, uma vez que os jogos realizados fora do Estádio da Luz continuam a ser transmitidos pela Sportv. Que são, provavelmente, os que mais interesse despertam não só nos benfiquistas mas também nos demais adeptos de futebol, visto tratarem-se dos jogos em que a probabilidade de o Benfica perder pontos é maior do que nos jogos realizados em casa.
 
Eu compreendo a lógica de actuação do clube ao rejeitar a Olivedesportos, contudo, a mesma só teria algum efeito prático se os principais clubes do nosso futebol rejeitassem também eles negociar com Joaquim Oliveira. O que não é o caso. E tal não acontece porque hoje em dia os clubes precisam de dinheiro como pão para a boca e as suas principais receitas advém dos direitos de transmissão.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

1000 JOGOS TEM UM...PRESIDENTE!

1000 jogos tem um Presidente…que um dia, um dia bem longínquo,  ganhou o seu primeiro jogo como presidente de um clube que, dizem os mais velhos, se assemelhava ao Vitória do Sado...bem atrás dos três grandes de Lisboa. Passados 30 anos dizem ser o maior de Portugal, um dos maiores do mundo.
 
Sou jovem, bem jovem ainda. Levo uma quinzena de anos e começo agora a compreender o fenómeno do futebol. Questiono-me: o que terá acontecido durante 30 anos?!
Não me recordo, não consigo imaginar como foram os idos 80 ou sequer os mais aconchegados 90, apenas estes mais recentes 2000. E como não me recordo recorro ao baú das reminiscências e corro a fita atrás num processo de rewind.
 
A cassete dispara, está pronta a arrancar. Quero ver este filme e por isso disparo o play. A páginas tantas a fita encrava, novo play e volta a encravar e assim acontece vezes sem conta. A cada interrupção, a imagem que surge é obscura e cinzenta.
Não percebo, quero muito decifrar aquelas imagens pouco ou nada claras que, compreendo mais tarde, a indecência e o indecoro não me deixam descodificar.
 
Tenho tenra idade mas a já suficiente para entender que o que a minha cassete me pede estará no parapeito da janela que nos liga ao mundo, ao mundo virtual, onde a verdade se encontra nua e crua.
Faço um clique e surgem imagens, vídeos, sons, sons que os mais velhos teimam em apelidar de “escutas”. Surgem verdades, aquelas verdades que clareiam a minha fita.
Retorno ao play e, agora sim, a fita desenrola suavemente, sem paragens, sem interrupções. O que antes era obscuro e cinzento é agora claro, bem claro.
 
Na tela surge um homem, um homem com poder, com muito poder, que soube arquitectar o seu percurso dentro e fora do futebol.
Um homem que soube controlar quem controla o futebol, que soube coagir e corromper quem decide no futebol, que soube fugir quando a justiça o pedia, que soube mandar para o Brasil quem o ajudou na pantominaria, que soube intimidar quem frequentava a sua casa, que soube usar o poder político para erigir o seu castelo, um castelo ventoso, é certo, mas ainda assim vistoso.
 
Sem votos, sem eleições, foi galgando décadas no poder, escudando-se no sucesso desportivo que alcançou, na massa adepta que o idolatrou, fazendo com isso esquecer os 60 mil que sempre ganhou, as comissões e as luvas que desviou.
 
Mas…seria redutor e injusto não contar tudo o que vi. Vi mais, vi muito mais.
 
Vi um homem, embora de rosto fechado, óculos antepassados e cabelo parco, inteligente, apaixonado, apaixonado por uma cidade, por clube, um clube que nunca abandonou, que sempre defendeu com unhas e dentes, contra tudo e contra todos, sem nunca virar a cara à luta.
 
Vi a glória de Viena, de Tóquio, de Sevilha, do Mónaco, de Gelsenkirchen, de Portugal. Sim de Portugal, de vários pedaços deste Portugal.
 
Vi um homem de grandes conquistas, que soube escolher os melhores, os melhores treinadores, os melhores jogadores, os melhores aliados, com poucos escrúpulos, é certo, mas leais ao seu líder, defendendo uma ideologia, um projecto, festejando no fim, sempre no fim, nunca no início!
 
Vi um homem que nunca se deixou intimidar pela glória dos Violinos, pela grandeza de Rei Eusébio, por um regime que censurava, declarando guerra ao sul do país.
 
Vi um homem que já deixou, que deixará a sua marca no mundo do futebol, no dirigismo desportivo, que como qualquer ídolo será odiado por muitos mas amado por muitos mais.
 
Tal como Berlusconi, Gil y Gil ou Tapie também ele abalroou o decoro, a honradez, a rectidão, em busca de um sonho, o sonho de tornar o seu clube, um clube grande.
 
…E termina a fita mas uma dúvida persiste: não haveria outro caminho, menos sombrio, menos tenebroso, menos ensombrado para chegar ao sucesso?! Talvez houvesse mas a estória também seria outra!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

MAGNÍFICO BRAGA!

Era suposto escrever algumas palavras sobre o jogo que o meu clube disputou ontem, ao final da tarde, em Moscovo…porém, o que vi poucas horas depois, em Manchester, obriga-me a alterar o discurso.
 
MAGNÍFICO BRAGA.
É assim que me apetece começar este pequeno apontamento sobre a equipa que ontem à noite silenciou Old Trafford durante largos minutos.
 
Na antecâmara do jogo vislumbravam-se algumas contrariedades: um pequeno David tentaria derrotar um gigante Golias, onde os milhões árabes tentariam esmagar as engenharias financeiras e o olho para o negócio de Salvador; a ala esquerda, sem Ismaily, exigia um Elderson concentrado, ele que quando em vez entrega o ouro ao bandido; o banco arsenalista estava despido de soluções para refrescar o meio-campo; o pressing alto e tão recorrente no futebol britânico, exigia qualidade na recepção e no passe; as dificuldades eram muitas mas o palco era...o palco dos “Sonhos”.
 
Era imperioso sonhar mas…sonhar em grupo, porque sonhar de forma isolada torna os jogadores demasiado egoístas e poucos solidários.
Mas só sonhar não chegava. Era necessário encontrar uma estratégia devidamente pensada, que permitisse retirar a bola ao adversário, que permitisse posicionar convenientemente os jogadores para, não só fechar os espaços, mas sobretudo fazer circular a bola ao primeiro toque evitando o pressing contrário. Era necessário afrontar o adversário sem o desrespeitar.
 
Estas seriam as “cores” com que José Peseiro tentaria pintar o relvado do Teatro dos Sonhos!
À medida que o jogo foi avançando, percebeu-se que a obra poderia ser prima. A forma desinibida como os jogadores do SCB entraram em campo, sem medo de errarem, sem o receio de terem a bola, fazendo-a circular, obrigando o adversário a correr, banalizou uma das 3/4 melhores equipas do mundo. A forma como, com segurança, conseguiram esconder a bola, deixando os minutos correrem em direcção ao intervalo é a demonstração cabal da dimensão que o SCB atingiu no futebol europeu.
 
Vi uma equipa adulta, madura, inteligente, astuta, como não me recordo de ter visto em Old Trafford. Nem mesmo o FCP de Mourinho, que alcançou um empate em 2004, me impressionou tanto como a primeira parte deste SCB.

Na segunda metade, o elevadíssimo ritmo de jogo que as equipas inglesas sabem impor e para o qual as equipas portuguesas não estão habituadas nem preparadas; a falta de soluções para refrescar o miolo; a incapacidade de Peseiro para arriscar, atrasando excessivamente a entrada de jogadores como Mossoró, bem como o resultado final, descoloriu um pouco o brilho demonstrado durante a primeira parte.

Ainda assim, fico satisfeito por ver uma equipa portuguesa dar uma lição de “boas maneiras” a uns ingleses burgueses e com alguma soberba.